Toda
criança que se preze passa pela fase do por que. Por que dá barulho e clarão no
céu? Por que tenho que dormir no escuro?
Por que não posso comer o bolo todo? Uns mais outros menos, mas todos já ficaram
inquietos com algumas questões que hoje parecem bobas.
Deixar
não passar a fase dos porquês, deixar
que ela se estenda por toda nossa existência.
Comigo foi assim, ainda bem que continua sendo desta forma e assim por diante. Tudo
começou com uma curiosidade absurda de tentar entender como os ponteiros do
relógio caminhavam. Minha mãe com toda paciência
do mundo, tentou me explicar como era o tempo na forma de segundos, horas e a
forma como os ponteiros caminhavam de um lado para outro. Muitos relógios de
papelão foram montados como tentativa de fazer que entendesse o tempo. À medida
que fui crescendo ,me dei conta da minha
enorme dificuldade de aceitar o tempo propriamente
dito. Sempre medi o tempo através de algo maior, atemporal que transmuta a
cronologia. Afinal tempo na minha concepção é particular e infinito para cada
um. Impossível ser medido ou fracionado. Depois veio a fase em que queria
interferir nas brigas de novela,
interferir nas cenas e fazer que os personagens fizessem as pazes.
Depois
fui passando para perguntas mais filosóficas, as classifiquei assim já que muitas
não têm respostas. Na realidade, prefiro os porquês às afirmativas. Quanto mais possiblidades, caminhos, mais
escolhas e com certeza mais histórias. Questionava-me
para onde iriamos depois que partíamos desse mundo, se os animais tinham a alma
melhor do que a dos humanos, por que precisava crescer. Passava horas pensando
em por que da gente esquecer certas coisas e recordar outras, o porquê as nuvens não podiam ter gosto de algodão. Afinal
no meio de tudo isso vem alguns traços
que permanecem, a minha imensa curiosidade, minha criatividade e fantasia. De tanto porquês, nasceu meu lado
investigativo e curioso.
Tenho
uma curiosidade inata, assim como tenho perguntas infinitas dentro de mim. A minha
fase do porque é algo eterno, que irá me fazer companhia ao longo da minha existência.
Quero cultivar a minha curiosidade, alimentar a minha imaginação e dar asas a
minha criatividade. Se não fosse assim, me conformaria com as respostas
enlatadas, com as verdades inventadas e veria
o mundo conforme os olhos da TV. Mas prefiro ser assim, de tanto ser assim me tornei metida.
Não no sentido arrogância, mas realmente ir atrás do que quero e não medir
esforços para tentar encontrar algo. Este algo às vezes vem sem nome ou sobrenome,
mas se transforma em algo fantástico. Afinal tenho que saciar as minhas
perguntas explorando novos territórios que levem a lugares fantásticos.
Por isso
estenda a sua fase do porque, deixando de pensar que era apenas uma fase de
criança. Aguce sua curiosidade pela vida, pelo mundo e pelo seu universo. Devore
o seu cotidiano com perguntas que façam você sair da sua zona de conforto, te
façam reciclar velhos hábitos, reinvente rotinas e até mesmo crie novos
caminhos. Afinal os porquês fazem a gente se dar conta das infinitas possibilidades
que estão orbitando ao nosso redor esperando que a gente as devore.
Um grande ídolo meu diz que as perguntas são muito mais importantes que as respostas, porque as perguntas são atemporais e te colocam sempre em um estado reflexivo, "como?", "onde?", "o que fazer para?". Agora as respostas... As respostas limitam, mesmo representando apenas aquele momento! Todos deveríamos ser ensinados a fazer e refazer muitas perguntas, mesmo aquelas que aparentemente já temos as respostas... Porque as respostas mudam dependendo do tempo e momento que é feito a pergunta! Fantástico!
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