Feliz Dia do Livro: Salve 23 de Abril

Neste dia do Livro, 23 de Abril, irei compartilhar com vocês leitores, amigos e para todos que me acompanham a minha trajetória com os livros, de que forma eles modificam o meu mundo e que legado eles podem deixar para a posteridade.

FELIZ DIA DO LIVRO, 23 DE ABRIL


O maior legado que deixarei para o mundo terei tecido com as minhas próprias mãos, o ato de escrever.  Só assim a minha alma terá encontrado plenitude e paz através das palavras poderei encontrar também o divino. Bruna Girardi Dalmas

Os livros, uma paixão, uma vocação e também um destino




Se fosse fazer um retrato do meu mundo interno,  se pudesse tirar uma fotografia de como me vejo por dentro. Me vejo sob uma enorme pilha de livros, uma criança com olhos curiosos que  me fitaria dizendo com orgulho: venha ver aqui estão os livros que escrevi, o que deixarei para as próximas gerações e também os livros que forneceram o caminho criativo. Me imagino exatamente assim, os livros, a escrita além de serem os combustíveis primordiais para que possa exercer a minha criatividade também dão voz a minha criança interior. 

Meus pais sempre liam para mim antes de dormir, uma tarefa diária que perpetuou até que pudesse começar a ler por conta própria. Mesmo assim, o hábito da leitura  perpetua na nossa família ,nos acompanha, trocamos dicas de livros, discutimos a respeito do que estamos lendo e essa liberdade de ideias, sempre me deixou muito confortável para poder debater qualquer assunto com os meus pais. Isso proporcionou que  pudesse me expor para as pessoas da família, no colégio e por onde fosse com argumentos muito meus já qm o hábito da leitura acabou por me  tornar uma exímio especialista no assunto que for. Afina quem lê se sente  confortável em debater as suas ideias já que além de bem informado, a leitura proporciona  voz aalma a fim de que se possa falar com o coração ( usando claro um pouco da razão).

Aos sete anos, li o meu primeiro livro clássico, chamado o Feijão e o Sonho. Dali não parei mais, devorei Èrico Veríssimo, Fernando Sabino, Clarice Lispector, me encantei pelos romances de Machado de Assis, adorei os suspenses de Sidney Sheldon entre tantos outros autores que além de me fazerem companhia,  me proporcionaram "viagens" extraordinárias que puderam ser saboreadas através dos órgãos dos sentidos.

 Já no começo da adolescência, havia me tornado uma verdadeira " rata de biblioteca", lia sessenta livros por ano.  Era uma amante insaciavel, dos livros, mas algo parecia estar faltando. Por um tempo não sabia exatamente o que era, depois de um tempo entendi que estava inquieta por querer criar as minhas próprias histórias, dar voz aos meus personagens e com isso algo me chamou, algo chamado vocação, dom ou talento, pode se dar o nome que for e que eu entendo como algo divino. A partir  do legado dos meus pais em terem "plantado" em mim o gosto pelos livros, pela minha curiosidade e sede por novidades, sabia que o meu lugar no mundo seria sempre junto com os livros. Nasci para escrever, nasci para expor as minhas ideias com liberdade, amor, sensibilidade e opinião.  Fui chamada para este mundo para que através das palavras possa tocar o coração e acariciar a alma de quem me lê.

A leitura é a melhor forma de nos colocar em contato direto com a nossa imaginação, com os nossos potenciais criativos para que possamos desenvolver novas ideias e conhecimentos. Se tivesse um conselho para dar para as pessoas e principalmente para as gerações futuras, conservem o hábito da leitura ela sempre será uma companhia confidente, zelosa e extremamente importante. O conhecimento é a porta para a mudança do mundo e é através da leitura que nos tornaremos não só bem informados, mas nos tornaremos formadores de opinião. Os livros trazem o combustível necessário para que sejamos a mudança que queremos imprimir no mundo, quem lê além de se tornar mais sábio, se torna mais corajoso. Afinal o peso das ideias corresponde ao tamanho do afeto das palavras lidas, ou seja,quem lê possui as melhores ferramentas para vencer qualquer batalha, afinal com bons argumentos e munido de sentimentos é possível não só fazer a diferença, mas quem sabe gerar revoluções. 

Dica de Filme : De onde Eu Te Vejo


De Onde  Eu Te Vejo




Sou uma apaixonado do cinema nacional e acredito que nós brasileiros deveríamos valorizar as riquezas cinematográficas produzidas por nós. Desta vez me surpreendi em cada segundo pela minha escolha do filme De Onde Eu Te Vejo, desde quinta-feira em exibição nos cinemas brasileiros. As atuações sensíveis, poéticas e até mesmo emocionantes de Denise Fraga e Domingos Montagner nos faz repensar o sentido do amor e de como reinventá-lo em meio ao caos urbano do nosso cotidiano.

Se você está desacreditando no amor, está vivendo uma crise em seu relacionamento ou seja em qual fase o amor está se pondo para você, vá ao cinema mais próxima e se deixe invadir por essa trama tocante. O roteio de Leonardo Moreira e Rafael Gomes conduz a história por dentro de uma São Paulo que se faz protagonista, ela não é apenas plano de fundo para a história, ela também é atuante e se faz presente em cada aspecto.  A fotografia é impecável, as cenas que são ambientadas em lugares históricos nos fazem se misturar ao cotidiano dos paulistanos, nos sentimos ali dentro da história.

 Separar é uma tarefa para lá de complicado, imagina depois de trinta anos de encontros e desencontros, intimidades trocadas e uma separação iminente toma conta do então casal ou ex casal Ana Lúcia e Fábio. O inusitado é que apesar de separados, estão conectados por uma janela, os seus apartamentos além de vizinhos, também dão de vista um para outro. Assim se tornam espectadores da vida alheia, mas uma vida que outrora já fora compartilhada. Um roteiro franco, sem exageros que retrata a rotina de forma empática, profunda e sensível. Com diálogos que beiram poesia, me fizeram  chorar como uma criança como se cada palavra dita e posta ali estivesse sendo escrito para mim. Poucos filmes me tocaram de uma forma tão profunda, intensa e ao mesmo tempo tão real.

Os dramas passados pelo casal exposto em cena são totalmente verdadeiras, honestas e poderiam ser experienciadas por qualquer um de nós Uma relação desgastada,  o crescimento da filha, a saudade deixada pelo outro,  estar separado e continuar se vendo, tudo isso é passado para o espectador de uma forma tão delicada, tão bem construída e sem exageros que fica fácil se identificar e se deixar levar por cada segundo do filme.  O longa é uma crônica que retrata a magnitude que se esconde nas pequenas coisas e acontecimentos do cotidiano. O quanto somos formados por uma coleção de acasos, manias, ridículos, afetos e principalmente estórias.  O que nos define como seres humanos é uma coleção infinita de mapas sejam eles concretos, imaginários que nos levam a ser quem somos e o que nos define é uma eterna mudança. Ou seja, o casal do filme foi mudando ao longo do tempo, o que me fez refletir o quanto vamos mudando e o quanto vamos nos tornando diferentes e até mesmo estranhos perante aos olhos do outro que nos acompanha e perante nós mesmos. Mas mesmo que as mudanças venham  o outro que está ali ao nosso lado permanecer e ainda tiver a capacidade de nos amar mesmo com tantas mudanças, o amor se põe novamente.


O filme retrata com a insanidade do nosso cotidiano vai nos mudando sem que nós possamos perceber de fato isso. Crises, mudanças de emprego, demolição dos lugares que frequentamos,  apego aos rituais,  hábitos estranhos e tantas outras coisas. O que nos define ao longo da existência vai se modificando e perceber que tudo é inconstante e talvez por isso seja mágico é um dom. De Onde Eu Te Vejo vale o ingresso e vale uma jornada através de cada um de nós a fim de que possamos refletir a respeito de nossos “ mapas”. Os nossos lugares, os nossos esconderijos, os nossos segredos mais obscenos, nossos rituais mais bizarros, nossas manias mais estranhas e  talvez poder encontrar alguém para dividir as mudanças do caminho,  as malas repletas de nostalgias a fim de poder compartilhar uma existência 

Filme do Final de Semana: A Senhora da Van



A Senhora da Van



Às vezes uma história  escolhe um escritor e as vezes o escritor escolhe uma história. Normalmente para quem escreve acaba por adquirir um sentido mais aguçado para procurar no meio de cenas cotidianas e até mesmo em nossos cenários familiares, inspiração. É assim que a trama do filme a Senhora da Van ganha voz pelo dramaturgo britânico Allan Bennet ( interpretado por Alex Jennings) e a sua inspiração uma senhora para  lá de excêntrica interpretada para a forte e brilhante atuação de Maggie Smith. Ela deixa de lado o glamour que trazia em “ Dotwton Abbey” (2010) para embarcar em uma história baseada quase toda em fatos reais.

Para quem escreve assim como o nosso protagonista Allan, por vezes o processo de criação  faz que tenhamos diversas conversas consigo mesmo, por vezes nos imaginamos em dois a fim de que possamos explicitar nossas ideias e até mesmo chegar as fontes de inspiração. A trama gira em torno de um bairro nobre em Londres, com casas muito vistosas e moradores chiques e repletos de costumes elegantes. No meio de tudo isso, surge uma figura no mínimo impactante que se destaca,  a Srta Shephered ( Maggie Smith), ela é uma andarilha, vive escolhendo onde irá estacionar a sua van segundo ela por escolhas que beiram o divino. Dentro de seu carro há de tudo um pouco, cebolas, sacolas, orações e todo tipo de quinquilharia, ela migra  para a frente de diversas casas e assim passa um tempo por lá. Alguns vizinhos se incomodam, outros tentam fazer o máximo de barulho para espantá-la e outros se solidarizam e oferecem comida.  O seu passado, a sua história e os porquês dela ter se tornado uma nômade permanecem um mistério.

Por algum motivo ou por uma grande coleção de coincidências o dramaturgo acaba se compadecendo daquela senhora, fica curioso com suas excentricidades e resolve ceder espaço em sua garagem para que a senhora e sua van possam ficar três meses, acabam sendo mais ou menos quinze anos. Aos poucos o escritor vai se encantando por aquela senhora, vai sabendo alguns detalhes de sua história. Expulsa do convento por duas vezes, uma eximia pianista, uma motorista de ambulância na segunda guerra mundial, um irmão distante e uma internação em uma casa para malucos. Mas o que realmente importa é se deliciar com a intepretação brilhante de Maggie Smith que parece ter encarnado aquela senhor temperamental, vitimas de suas escolhas,   que  tem odores característicos, se nega a viver em outro lugar que não seja a sua van, se alimenta de cebolas cruas e não tem papas na língua. A sutileza e a  delicadeza que a relação entre o dramaturgo e ela se  faz  não apenas pelo gesto de compaixão de ter cedido abrigo, mas uma linha muito tênue de afetos se constroem entre eles sem precisar de grandes demonstrações explícitas  ou bens materiais. Os afetos são espontâneos e genuínos  de cada um parece tecido por uma aceitação incondicional da  existência um do outro.

Apesar de ser um filme carregado de diálogos, o que devemos prestar atenção e nos deter não são nas ações já que não é um filme onde ficamos esperando ansiosos pela próxima cena ou torcendo pelo desfecho, mas devemos ficar atentos ao humor. O humor típico britânico, mas que é fácil de ser entendido e leva o espectador a dar gargalhadas das situações que são na realidade bem tristes, mas  isso é latente dos seres humanos usar o humor para aliviar as dores do cotidiano.  Vale a pena assistir pelas brilhantes atuações, pelo final surpreendente e fica a dica para quem é escritor ficar mais atento nas histórias ao redor, vai saber quando iremos conhecer uma Senhora da Van e dela nos deliciarmos e até mesmo nos inspirarmos.

Meus Filmes Prediletos de Maggie Smith


  • O Quarteto
  • O Exótico Hotel Marigold 1 e 2
  • Minha Querida Dama
  • A Senhora da Van