Crônica: Aprisionamento do Amor

  


  O amor não é posse. O amor não é controle. Amor não é propriedade. O amor não aprisiona. O amor não sufoca.  O amor não oprime. O amor não anula. Amor não silencia. Amor não impõe.

  Muitas pessoas estão confundindo amar com possuir. Como se aquela pessoa se tornasse uma propriedade e perdesse a condição de pessoa.  O que impera é o controle e a submissão. A pessoa se torna vítima. Refém dos seus desejos e vontades. Fica a mercê do que o outro deseja, pensa e age. Escolha perigo, a pessoa  se anula para caber na vontade e nos desejos do outro. Tudo pode começar com um querer agradar  e passa aos poucos a se tornar apenas passivo diante das situações que ocorrem. Relacionamentos baseados no controle  vão muito além das coisas materiais, afeta todo sistema emocional e psicológico. Afinal controlar os passos da outra pessoa e pedir explicação a respeito de tudo além de doentio é totalmente opressor.

  O amor deveria partir da liberdade. De saber que cada um é um universo  único recheado por particularidades.  Com isso, ninguém é a metade da laranja de ninguém. Somos laranjas inteiras, existimos sem outro e quando estivermos acompanhados seremos complementados e não completados. Precisamos ser inteiros para amar de forma incondicional e não condicional. O amor abusivo é aquele que tem como premissa condicionar as vontades, desejos e opiniões em benefício de si próprio. 

 O amor incondicional tem como premissa a liberdade, a valorização da individualidade e tudo parte do respeito.  estabelecer ordem. O amor é livre, desprendido de regras ou palavras de ordem, sendo assim ele pode ser o mundo inteiro e um pouco mais.

  A pessoa que acha que toma posse da outra parte da premissa de ter medo de perder o outro. Com isso, invade a fim de  poder vigiar  e controlar os passos do outro. No fundo o que habita ali é uma enorme insegurança.  No fundo temos uma pessoa frágil que necessita tomar o outro para se sentir mais confortável e seguro. Muitas vezes a pessoa que se deixa tomar posse também tem uma enorme insegurança e desamparo, acaba por ceder também por medo de perder o outro. Neste jogo perigoso se torna nocivo.  Normalmente vêm acompanhadas por ciúmes descabidos, crises de raiva que podem beirar a violência já que a pessoa que está sendo controlada nem sempre supre as expectativas desejadas, corre o risco de desapontar o outro.  Há também o risco de mesmo a pessoa controlada fazer tudo conforme o combinado, mesmo assim pode sofrer retaliações. O controle vem embutido em tudo desde a roupa que se vai vestir os lugares onde frequenta, escolha política entre tantos outros fatores.

  Quando aprendermos que o amor não é posse e sim construção. Quando aprendermos a preservar a nossa individualidade para poder existir ao lado do outro. Quando passarmos a não controlar e sim compreender. Quando complementarmos e não completarmos. Só assim estaremos de fato aprendendo a amar.

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