Crônica:Mural para a Eternidade



Mural paras a Eternidade

Estava zapeando os canais na sexta-feira, quando me dei conta que o Rock in Rio estava começando. De repente me deparo com uma extraordinária e contundente homenagem a nossa eterna Cássia Eller. Durante toda a minha infância e adolescência fui ficando órfão de ídolos.
Primeiro foi o Cazuza, era pequena demais para entender a sua partida, porém percebi sua falta.  Sempre me identifiquei com sua forma descarada, exagerada e explicita de falar de amor. Muito do que escrevi ao longo dos anos, teve influência dele, adoro o seu jeito irreverente de falar a respeito de tudo e principalmente o jeito de expor qualquer opinião sem perder a elegância. Poeta que soube dizer tudo o que pensava a respeito do mundo,  da política, dos seus amores, desafetos sem perder a poesia, a emoção e o ritmo.  
Em 1996, estava brincando em frente a televisão, meus pais assistiam aoJornal Nacional, quando a morte do líder do Legião Urbana se despedia deixando uma legião de fãs órfãos. Na época não simpatiza com Renato Russoporque ele tinha lançado o seu último CD chamado Equilíbrio Distante em que fez diversas versão de uma cantora chamada Laura Pausini, eu sempre tive um senso de justiça mais apurado, achava que ele tinha roubado as canções dela e considerava isso um ultraje.  Hoje me lembro da minha mãe, tentando em vão me explicar como isos de fato funcionava, mas na época não adiantou.
No versão de 2001, voltávamos da praia e já em casa, ouvi no rádio em que Cássia Eller tinha nos deixado. No rádio tocada E.C.T e na parte que dizia que " não tem explicação", percebi que sua morte não tinha explicação. Nesta época comecei a perceber que as vidas eram desperdiçadas e jogadas ao vento. Meus pais sempre foram fã de rock, de MPB e dos clássicos, com isso durante toda a gestação fui alimentada com as músicas do Queen.  Não me lembro da morte do Fred Mercury, mas sei 1991 deixou saudades e um enorme silêncio nos palcos.   Tiver mais perdas e mais algumas estrelas passaram a brilhar de uma forma mais intensa, me despedi da Amy Winehouse em 2011, chorei  sem acreditar que um dos meus poetas contemporâneos Chorão havia se despedido e logo depois o seu melhor amigo também.  Vi o meu astro do cinema, que tanto me inspirou, me fez acreditar nos meus sonhos, morrer de depressão, Robin Williams.  Fiquei petrificada ao saber que o melhor papel do coringa tinha sido também o último papel de um grande e jovem talento, Heath Ledger.
Li a maioria das biografias e noticias que foram saindo sobre cada um deles. Me inteirei com mais afinco por todas as histórias tentando em vão encontrar um porquê que desse sentido em meio a essa babilônia. Fico com um pensamento em mente, eles deixaram não só uma legião de fãs órfãos, muitos deixaram literalmente filhos órfãos, muitos sem a referencia de pai ou de mãe, familiares  e diversas lacunas. O que conforta um pouco é saber que ainda são adorados, são lembrados e são excepcionalmente reverenciados. 
Assistir ao assistir o Nando Reis que foi um dos melhores amigos de Cássia Eller, prestando uma homenagem emocionante, levando muitos as lágrimas, prova mais uma vez que a partida física é apenas uma parte, os bons que já se foram continuam entre a gente.  Mesmo os fãs que não tiveram oportunidade de conhecer muitos dos astros que citamos,  compartilham de seu talento fazendo que o talento seja desenhado para posteridade.
Aqui fica a minha homenagem ao Adam Lambert que ao ser convidado a dividir o palco com o Queen em nenhum momento afirmou ser o Fred Mercury. Ele assumiu os palcos, levando a sua presença de palco, o seu carisma e respeito.  Um show emocionante que foi além das expectativas,  Adam sabe que é uma tarefa penosa de substituir  o insubstituível , por isso parece não ter essa percepção e sim acreditar em ser ele mesmo. Levando o seu talento, o seu potencial vocal e sua autenticidade surpreendeu e comoveu durante toda apresentação.  dava para sentir o respeito e a energia dele com os integrantes originais da banda, dava para sentir sintonia e a sincronicidade com o público. Por vezes dava para perceber o quanto o  Fred  estaria orgulhoso e extasiado se estivesse ali.  Um ato de amor, de comoção e principalmente de entrega, afinal se os nossos poetas e lendas nos deixam, temos que continuar mantendo a sua presença através dos tempos e das gerações.
Se eles partiram por não se adaptarem a loucura  e as exigências da fama. Se foram os vícios, as insanidades do cotidiano, atos desesperados de paixão ou o caos de ser quem eles eram. Isso pouco importa. virou passado para entrar na história.

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