Crônica: Vinte e Nove







  Cheguei à vinte e nove primaveras. Coisas que aprendi, coisas que gostaria de esquecer.Aprendizados, lições e muitas histórias.

    Neste ano que antecedeu meu aniversário, pude realizar alguns sonhos. Consegui adotar os meus três felinos e poder ser mãe de gatos. Eles são terapêuticos, funcionam como antidepressivo  e fornecem amor incondicional.  Recomendo que cada pessoa possa pelos menos em algum momento adotar um bichinho. Sou contra a venda de animais, adotar é um ato revolucionário, simples, mas profundo. O outro sonho que realizei neste ano que passou foi o de morar sozinha. Poder trilhar a minha independência , organizar as coisas do meu jeito, construir hábitos e rotinas. Por mais que eu tenha ido morar com o meu namorado mesmo assim se tece e se constrói maneiras únicas de conviver.

  Uma das coisas que aprendi foi que toda dor vem do desejo de não sentirmos dor.  Quis desistir, peguei estradas erradas que desembocaram em abismos. Pensei em ir embora, deixar tudo de lado e não tentar mais. Vi a morte de perto, beirei o caos e vivenciei as trevas. Mas, através da fé, da minha família e das pessoas que amo pude me cercar e me armar de amor para estar munida com boas ferramentas para seguir lutando. Aprender a cuidar de mim mesma, investir na minha saúde mental  a fim de construir ferramentas mais saudáveis para existir. 

  A vida é louca, caótica ela muda nossas certezas, inverte nossas verdades e nos põe a prova quando menos esperamos. Por mais que a vida seja bagunçada, maluca e as vezes até insensata, ela é preciosa e não pode ser desperdiçada. Por mais que possa dar vontade de desistir, por mais que seja complicado seguir e por mais que a saída mais  rápida seja os pulsos. Temos que descobrir algo que faça a gente ainda acreditar que vale a pena. Encontrar motivos para seguir em frente é um dom.  Aprendi da forma mais dolorida que a vida é algo precioso que não pode ser interrompida. Por mais que haja tempestades, momentos de confusão e empecilhos,  a vida ainda assim vale a pena.

  Depois de chorar mares e rios.  Depois de lutar contra pensamentos repetitivos. Depois de enfrentar os demônios que existem apenas dentro da mente. Depois de lutar com os monstros criados por si mesma que habitam embaixo da cama. Depois de seguir em frente mesmo exausta. Depois de sorrir mesmo triste.  Descobrir que a vida pode ser colorida com cores bonitas. É possível encontrar boas energias e luz nos momentos.  Chegar aos 29 com muito mais cicatrizes, mas com mais aprendizados. Chegar até aqui com maior repertório e mais experiência.

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