Crônica: Fronteiras

Fronteiras


Quem sabe vamos pensar em um mundo que dé para fazer tudo a pé





Eu reabri a porta e você me mostrou o mundo.  Eu cheiro jasmins, você ficou com  a essência.  Eu passo horas observando da janela, enquanto você já está na linha de largada. Balanço a cabeça ouvindo heavy metal, o seu mundo parece colorido por aromas e sabores.

Você me diz que a minha sintonia está quebrada, respondo com um sorriso, aceno de cabeça e continuo ouvindo meu rock antigo.  Você continua me alertando que posso tropeçar. Que os males do caminho não são as pedras encontradas, mas apegar-se a elas. De certa forma agradeço pelos aletas, mas prefiro ir acreditando nos meus valores e nos minhas ideias. Prefiro contemplar os astros, as linhas do céu e as nuances coloridas do que ficar receoso com as nuvens de tempestade.
Falei para você que o sudeste é tão bonito quanto o sul.  Você insiste em desenhar fronteiras, linhas que separam o meu desejo dos seus lábios. Prefiro acreditar em um mundo onde se possa fazer tudo a pé. Queria encurtar a distância do seu beijo, acelerar o ritmo dos seus passos em direção ao meu estado.  Falo do desejo de encurtar as nossas fronteiras, você apenas fecha os olhos consentindo, me deseja sorte. Para ficar juntos, precisamos mais do que isso, precisamos urgentemente  do aqui e do agora.

Quero  quebrar as fronteiras. Quero extinguir as linhas que nos dividem. Quero ultrapassar os pedágios e as barreias. Quero mostrar para você um mundo mais colorido, onde possa se fazer tudo a pé. Quem ama tem pressa, tem sede de realidade e anseia pelas chegadas. Se você soubesse o quanto minha alma se enobrece pela iminência de um encontro, talvez você parasse de pesar a sua alma com motivos tão banais. Para quem ama pouco importa os quilômetros, o que conta mesmo é a vontade de se ser e ter.

Quero cruzar a tua linha de partida, fazer dali minha linha de chegada, enfim poder inaugurar o meu país, nosso país.  Balanço a minha cabeça ouvindo os meus poetas. Tantos poemas tatuados na tua pele inquieta queria viajar nas curvas do teu corpo, poder povoar os teus devaneios e por fim dizer que estou por perto.  Enquanto somos divididos por fronteira, estados, pedágios e distância, me enchem de esperança. Uma esperança boba e maciça que casa bem com meu estado apaixonado. Você me deseja sorte, me deixa ali contemplando o céu estrelado, queria que você soubesse que as estrelas habitam o seu olhar.


Quero cruzar as tuas fronteiras, mostrar para você que para quem ama dá sim para fazer tudo a pé. Para quem ama não há desvio, curva ou rua sem saída, apenas caminhos que levam aos seus pés.

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