As Dores da Alma
Toda alma tem suas
dores, seus dessabores e seus desalinhos. Toda alma
é uma colcha de retalhos. Toda alma por si só é um emaranhado de experiências,
sonhos, história, desejos, estórias. Algumas tecidas em cores bonitas, outras
em preto e branco e tudo depende do ponto de vista.
Cada alma por só é
única, autêntica e particular. Se pudéssemos pensar na alma como sendo um
universo, cada um de nós seria um. Temos
a tarefa de nos tornarmos carpinteiros de nosso próprio universo. Dependendo das
ferramentas que iremos utilizar, a forma como iremos trabalhar e a direção nos
darão indicativos de que forma podemos ir lapidando a nossa própria alma. Temos
que pensar nela como um organismo vivo que está a todo o momento em contanto
com o mundo ao redor, desta forma, ela vai sofrendo transformações diárias e
constantes. Cada encontro com o outro, cada expectativa colocada, cada sonho
sonhado, cada projeto desenvolvido gera uma turbulência. Essa pode ser sutil, passageira, eterna, o
que irá determinar isso são as delicadezas de cada alma.
Ou seja, somos a todo
o momento, convidados a mudar a nossa forma de pensar, de agir, de escolher e
até mesmo de sentir. Afinal se a cada encontro gera uma repercussão dentro da
gente, temos que ter a tolerância de compreendermos as sensações e as energias
passadas pelas almas a nossa volta. Quando me refiro a isso, estou falando dos
jeitos, valores, personalidades que os outros ao nosso redor tem.
Tem alma que vem
somar a alma da gente. Tem alma quer vem passear por um tempo ao lado da alma
da gente. Tem alma que vem nos ensinar que o mundo pode ser diferente. Tem alma
que vem colorir a alma da gente. Há os
mais variados tipos de alma, mas pouco
importa a energia da alma do outro, o que realmente importa é se vamos nos
deixar inundar pelas almas alheias ou se vamos nos esquivar.
Mesmo que nem toda
a alma combine com a alma da gente. Mesmo que nem toda a alma tenha os mesmos princípios.
Mesmo que algumas almas venham para absorver a alma da gente. Toda alma é diferente, isso
não quer dizer melhor ou pior do que a nossa. O que muitas vezes acontece é que
acabamos por blindar a alma a fim de que
possamos evitar qualquer tipo de tomento. Somos muitas vezes frutos do nosso
passado, acabamos por deixar de lado novas experiências por medo do que já
aconteceu. Já passamos más experiências com outras almas, acabamos por
generalizar convites e visitas de almas alheias.
Ora, que hipocrisia
pensar que todas as almas irão nos machucar. Afinal uma alma que já nos fez mal, pode vir a mudar. Tudo depende
do quanto também investimos na alma da gente, o quanto ela é alimentada por sentimentos que permitam
que a gente evolua, transcenda e encontre ainda mais sentido na nossa
existência. Precisamos urgentemente começar alimentar a nossa alma com gratidão, afeto, cuidado, carinho, atenção,
respeito, amor e fé.
Se tivermos o hábito de cultivar em nossas
almas estes ingredientes, todas as almas que virão ao nosso encontro sejam do
jeito que for o que irá contar e o que irá repercutir é a forma pela qual
estaremos lidando com elas. Seremos mais gentis, mais amáveis, mais
respeitosos, mais gratos se aceitarmos as almas ao nosso redor sem julgarmos
pelos nossos valores e princípios. Temos que aprender a dar liberdade para que
as outras almas possam ser diferentes da alma da gente, acabamos por achar que
amar é pensar igual.
Está na hora de
deixarmos ir embora os nossos preconceitos quanto à gente mesmo e com os
outros. Poder aceitar que a alma da gente às vezes fica nublada, contaminada por
más pensamentos, por vezes não se comporta como deveria, podendo nos fazer
tomar escolhas ruins. Ter mais paciência com alma da gente, nos ajudará a ter
mais tolerância com a alma dos outros. Aceitar a nossa alma com as partes boas
e não tão boas. Aceitar a nossa alma seja como ela for tendo em vista que
sempre é possível adicionar novos elementos e aprendizados. A alma da gente
sempre está pronta para aprender coisas novas, evoluir frente ao inesperado,
mas para isso ela precisa de um combustível que é a motivação e a força de vontade. Com essas duas
ferramentas será possível mudar o mundo e tocar as almas ao nosso redor.
Pode parecer utopia
pensar nisso, pode até parecer besteira esse negócio de almas. Mas estou em um
processo de repensar a minha alma, estou em um recomeço, onde estou
adicionando novos elementos, reciclando alguns ingredientes a fim deixar a
minha alma mais leve e delicada.
Não
há alma que não sofra de retalhos,
precise ir de vez em quando ao pronto- socorro a fim de remendar alguns
retalhos, costurar novas partes, reciclar alguns tecidos e até mesmo construir
novas partes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário