P: O que é criatividade?
R:É
o relacionamento entre um ser humano e os mistérios da inspiração
Olá Carpinteiros. Perdão pelas ausências, mas
agora estou de volta ao blog. Venho inaugurar com vocês um novo espaço com
vocês, vou personalizar o Carpinteiros. Com isso, vou começar a dividir a minhas
histórias, as minhas escolhas a fim de poder me aproximar mais dos leitores e
quem sabe até ajudar.
Sou
o tipo de pessoa que não acredita em coincidências, tudo acontece por algum
motivo. Acredito que somos uma junção de pequenos e grandes acasos que nos
tornam quem somos. Sendo assim, somos influenciados pelos outros, mas também
influenciamos os outros o tempo todo por mais sútil que possam ser as ações e
os efeitos. Nesse emaranhado de acasos me
deparei com uma deliciosa surpresa, uma amiga muito querida me presenteou com o
livro a Grande Magia da autora Elizabeth Gilbert, você já deve ter ouvido falar
dela pelo sucesso de Comer, Rezar e Amar.
Dizem
que nos momentos de crise, aprendemos a desenvolver
ferramentas ou modificar os caminhos para podermos amplificar, evoluir e até
mesmo potencializar as nossas
capacidades. O livro casou como o momento de vida que estou vivendo, é disso que estou falando, de alguma forma
minha amiga sentiu que precisava ler este livro, precisava ter conhecimento a respeito
do conteúdo ali transposto para que pudesse começar a pensar diferente e por
alguns projetos engavetados em ação. Vou
fazer logo em seguida uma pequena resenha do livro, mas vou me deter para falar
a respeito da minha experiência que se uniu com as experiências trazidas pela
autora. Ela fala do processo de se tornar escritor, de que forma podemos
potencializar os nossos talentos, desenvolver a nossa criatividade e sermos
fiéis ao que somos. Vou contar um pouco da minha trajetória, o meu vício em livros começou antes mesmo que pudesse ler.
Meus pais sempre me presentearam com livros, era o nosso hábito predileto poder
ler em família antes de dormir. Com isso, quando aprendi a ler e não parei
mais. Mas tinha uma particularidade, não
gostava de ler livros para a minha idade, desde muito cedo devorei livros
clássicos e fui até Paulo Coelho. Lia de tudo, queria me inteirar a respeito de
absolutamente tudo, principalmente sobre tudo o que não tinha vivido e os
conteúdos mais excêntricos como misticismos, religiões antigas e o que mais
fosse. O meu principal combustível sempre foi a minha imensa curiosidade somada
com uma voracidade em ler cada vez mais. Tinha anos que lia em média sessenta
livros, virei rato de biblioteca e em pouco tempo os livros já não me
satisfaziam por si só. Fui tomada por um misto de vazio, algo no auge dos meus
onze anos, como uma vozinha que fala com a gente de vez em quando, uns a chamam
da voz da consciência, me falou que eu tinha um destino na minha vida,
escrever. Outros chamam isso de epifania, gosto de descrever como o meu momento
mágico. Com isso, abracei a minha causa com afinco e me arrisquei em escrever.
Absolutamente tudo que vivia, pesquisava, estudava ia para o papel. Aos treze anos escrevi meu primeiro romance
que guardo até hoje para que um dia tiver coragem suficiente, quem sabe possa
publicar. Foram muitas crônicas, muitos poemas e muitos versos em uma época que
era uma adolescente reservada, mas totalmente aberta para o mundo mágico da
escrita. Como autora Elizabeth Gilbert fala
Grande Magia, ao meu entender isso
acontece todas as vezes que nos despimos dos nossos mecanismos de defesa,
paramos de racionalizar e usamos apenas os nosso sentimentos para nos guiar.
Por
muito tempo achei que a escrita era apenas uma fase, algo relacionado a ser adolescente. Não
levava a sério e achava que era algo que podia abandonar no momento que
quisesse. Não fui cuidadosa comigo mesma, não me escutei por muito tempo e passei
quatro anos sem escrever. Na época que abdiquei de escrever, tinha dezoito
anos, tinha publicado algumas coisas em revistas pequenas e livros da escola,
mas achava que isso era apenas algo que podia fazer de vez em quando. Mal sabia
que quando estamos destinados a sermos algo coisa, essa coisa nos escolhe, nos
consome e sim nos tornarmos ela. A escrita ou qualquer dom que você tenha, ele
só vai poder transbordar e ganhar forma se você deixa-lo se desenvolver, mas
ele é seu, ele é inato a sua pessoa e não adianta fugir dele, um dia ele irá
vencer. Foi assim, entrei para a psicologia, mesmo que a minha primeira opção
sempre tenha sido o jornalismo. Dei um verdadeiro susto na minha família,
quando sem contar para ninguém, quase na porta do vestibular, mudei para
psicologia. Não sei se verdade o que me levou a fazer isso, hoje analisando de
forma mais fria, posso dizer que sabia que escrever era inato, ninguém tinha me
dado criatividade, talento ou potencial para imaginar, isso era meu. Mas ajudar
os outros, entender as pessoas a encontrar
um sentido de vida, era algo que sempre quis me aventurar, ou seja, o desafio
pelo novo me mobilizou a sair da minha zona de conforto. Optar pelo no
jornalismo ou em curso de letras, talvez estivesse confortável já que não seria
nada tão novo, mas a psicologia vinha com sabor e textura de desafio. Com isso,
não me arrependo da escolha que fiz, sou muito grata por ela, ela soma e traz
novas cores a escrita e posso dizer que tenho a sorte de ter duas profissões que se complementam (
isso levou um tempo para ser elaborado). Infelizmente acabei me sabotando por muito
tempo, achei que podia abandonar os meus escritos, deixar ali numa gaveta e fui
totalmente incompleta e infeliz por tanto tempo que deixei de ser eu mesma.
Afinal quando negamos as nossas partes sejam elas boas ou ruins, deixamos de
existir e passamos apenas a viver no automático. O destino brinca com a gente e aos vinte e
poucos, um término de relacionamento, uma fossa emocional me acompanhando e
aquela velha tristeza veio me fazer companhia. Entendi o recado, a tristeza, a
solidão, a minha inquietação sempre foram o motivo pelo qual comecei a escrever
e o que faz despertar sempre os meus melhores versos. De uma crise nasceu o
desejo voraz de voltar para o lugar que nunca deveria ter deixado, o de escrever.
Assim
como a autora do livro a Grande Magia, fez um trato com ela mesma em relação a
escrita, fiz também o meu e por isso a minha enorme surpresa e também gratidão
de poder desfrutar uma leitura que fala tanto da minha vida, das minhas
escolhas e como é reconfortante saber que outras pessoas passam e sentem o
mesmo processo. Prometi a mim mesma que
seria companheira da minha escrita, aceitaria os bloqueios criativos e sempre
escreveria para mim mesma. Nunca tive a pretensão do sucesso, da fama ou de
estar sob a mira dos holofotes, prezo demais a minha liberdade, minha privacidade
e a minha vida simples. Mas nem por isso deixaria de expor os meus trabalhos,
dar oportunidade para que as pessoas conheçam o meu jeito de escrever, de me
expressar e o legal saber que algumas se identificam. Sempre escrevi com a
pretensão um tanto utópica de mudar o mundo, afinal acredita quando fazemos algo
de coração, usando as nossas verdades e expondo as nossas fragilidades, acabamos por fazer sentido a medida que nos
fazemos sentir. Só assim poderemos fazer sentido na vida dos outros. Não
podemos alimentar a pretensão de que faremos a diferença na vida dos outros
pelo lado material, só podemos fazer a diferença se tocarmos as pessoas através
dos sentimentos. Por fim, dei uma
reviravolta na vida, voltei a escrever e não parei. Respeito meus momentos de
silêncio, a falta de inspiração e o principal
carregar apenas as críticas que podem me tornar alguém melhor, as demais
interferências que servem só para me
deixar para baixo, deixo de lado. Vou escrever até ficar bem velinha .Abraçar o
meu dom inato de poder escrever sem carregar muitas expectativas, me deixar
guiar apenas pelos meus combustíveis: criatividade, coragem, autenticidade e sensibilidade.
Se
você assim como eu tem um dom, algo que foi lhe dado de presente e é inato.
Você não pediu, ele simplesmente brotou em você, tenha em mente que dá um medo
danado, você tentar se livrar dele, fingir que não existe ou que nada está
acontecendo. Dê tempo para si mesmo, afinal é complicado a gente assumir um
talento, firmar que somos bons de verdade em algo e temos essa mania de sabotar
tudo o tempo todo. Mas quando surgir o momento de você assumir o seu talento, o
seu dom, o agarre com unhas e dentes. Sei que dentro de você deve habitar um artista
plástico, um cantor lírico, um patinador artístico, um corredor de maratona, uma artesão brilhante, um super chef etc. sucesso não deve estar
atrelado a ganhar dinheiro, a ter fama ou viver sob os custos do seu talento,
ele deve primeiro nascer dos seus potenciais, das suas verdades e das suas cicatrizes.
Por experiência própria, mantenha um emprego fixo, tenha uma renda que não
venha só do seu talento se não você trasbordará frustrações e acabará
pressionando tanto o seu talento que ele pode se cansar de você. Foram os meus tombos, as minhas
crises, os meus desamores e até mesmos os descompassos que me impulsionaram a
escrever e com isso sei que toquei o coração das pessoas. Cada um tem um sentimento que brota quando se
deixa fluir pelo seu talento, há escritores que escrevem quando estão felizes,
já eu preciso de lagrimas, fossas e crises, então respeite o seu jeito e os
seus momentos de inspiração, não existe e certo ou errado, apenas formas
diferentes de se trabalhar. Nunca tive a pretensão de escrever levando em
consideração os outros, escrevo para mim mesma e assim obtenho a minha
sanidade mental. Se escrevesse para os outros, seria alguém frustrado que
sempre está em busca de agradar, ao contrário quero agraciar a minha alma, dar
vazão aos meus sentimentos a fim de preencher as minhas ausências e as minhas
lacunas pela arte de escrever.
Resenha a Grande Magia
Sinopse: Ao compartilhar histórias da própria vida, de amigos e das
pessoas que sempre a inspiraram, Elizabeth Gilbert reflete sobre o que
significa vida criativa. Segundo ela, ser criativo não é apenas se dedicar
profissional ou exclusivamente às artes: uma vida criativa é aquela motivada
pela curiosidade. Uma vida sem medo, um ato de coragem. A partir de uma
perspectiva única, “Grande Magia” nos mostra como abraçar essa curiosidade e
nos entregar àquilo que mais amamos. Escrever um livro, encontrar novas formas
de lidar com as partes mais difíceis do trabalho, embarcar de vez em um sonho
sempre adiado ou simplesmente acrescentar paixão à vida cotidiana. Com profunda
empatia e generosidade, Elizabeth Gilbert oferece poderosos insights sobre a
misteriosa natureza da inspiração.Se você quer um livro que lhe ajude a “ressuscitar”
os seus talentos escondidos e o ajude a pensar “fora da caixa”, vá até a
livraria mais próxima e o agarre com unhas e dentes. Mal nenhum admitir que todos nós precisamos
de um empurrãozinho para sair da zona de conforto a fim de abraçar novas
oportunidades que sempre estiveram ali ao nosso lado, mas não tínhamos a
coragem para enxerga-las.
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