Crônica: Metamorfoses




Assim como a serpente troca de pele. Assim como a lagarta se torna borboleta. Assim como o cameleão troca de cor.  Viver passa por mudanças e transformações.

Um dia a vida te joga para cima e parece que tudo vai dar certo. O vento sopra a favor. As energias parecem todas positivas. O caminho parece livre de qualquer empecilho. Até mesmo o cosmo parece a favor. Só que de repente como quase do nada as coisas ficam de cabeça para baixo.  Existir não vem com um fluxograma.

Podemos tentar até planejar. Mas de uma hora para outra pode ser que inverta tudo. O que era certo se torna incerto. As verdades se tornam inseguranças. O que parecia ser já não se parece tanto assim. Os caminhos podem se tornar sem saída ou sem atalhos. Ninguém está imune as tempestades da vida. Momentos ruins fazem parte, mas saber se reinventar é uma arte, outros chamam de resiliência.

Se a vida te jogar para baixo, aprenda a refletir com a tristeza. Se for preciso mude de atitude, troque de pele e aceite as metamorfoses. Acredito que o mais complicado dos momentos ruins  é aceitar. A auto aceitação é o que levará a sabedoria.  Aceite seu diagnóstico. Aceitar altos e baixos. Aceitar a imprevisibilidade que o cotidiano nos coloca. Aceitar suas imperfeições. Ninguém é forte o tempo todo e está tudo bem.

Quando nos aceitamos. Com os nossos defeitos. Inseguranças. Medos. Lembranças ruins. Toda bagagem de histórias que carregamos. Somos capazes de entender que somos imperfeitos. Com isso, podemos aceitar melhor as tempestades que virão. Afinal, saber que somos falhos, tira o peso da perfeição. Saber que podemos passar por metamorfoses, nos torna mais flexíveis,

Existir não é uma tarefa fácil. Durante toda a existência seremos testados. Passaremos por muitas coisas e nem sempre será simples. Mas aceitar como somos faz que tenhamos mais consciência de onde conseguimos chegar.  

Crônica: Cobranças





Nos cobramos o tempo inteiro para ficarmos bem. Nos esforçamos para ficar feliz. Cumprir as tarefas que temos determinados; Ficamos o tempo todo nos cobrando, muitas vezes nem percebemos quanto estamos ocupados em estarmos nos esforçando para estarmos bem.

Qual  é o  problema de não estar bem o tempo todo? Por que temos que ser fortes sempre ?  Qual o problema de chorar, desistir de algumas coisas ou simplesmente dar um tempo. Cada um de nós pode levar todo o tempo que precisar para se preparar para crescer. Não estamos prontos o tempo inteiro, sempre ´há  alguma para aprender.

Está tudo bem dar tempo ao tempo. Fazer pausas. Prolongar alguns intervalos. Não precisamos provar todo tempo que somos fortes, capazes e aptos a tudo.Não precisamos saber tudo o tempo todo. Tem coisas que não tem resposta. Outras irão  demorar um tempo para encontrarem um caminho. O tempo de espera, deve ser cuidadoso com a ansiedade e com o sentimentos de culpa que pode vir. Preciso saber lidar com as esperas e também com o que não sabemos.

Nem sempre estaremos bem.Nem sempre conseguiremos ser feliz. Nem sempre vamos conseguir dar o nosso melhor. Nem sempre vamos acertar. Nem sempre vamos saber qual é o caminho. Mas sabe o que é mais legal disso? Temos o tempo de uma vida toda para tentar de novo.

Sei que não é uma tarefa fácil lidar com a ansiedade  e também com o que não sabemos. Só que no processo de crescimento é necessário aceitar que dias ruins e as partes não tão boas fazem parte do processo de aprendizagem. Da tristeza vem a reflexão.  Do medo vem os porquês. Dos erros vem sabedoria. Dos erros os aprendizados.

Crônica: Expectativas


 Nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos. Na realidade tudo se move conforme as nossas expectativas.

  Colecionamos uma porção de planos. Dedicamos tempo arquitetando todas as coisas que devemos fazer. Para onde ir. Como conquistar.  Ficamos abarrotados e lotados por tantas ideias. Colocamos metas. Estipulamos prazos. E quando damos por si estamos ansiosos, aflitos e temerosos. Reclamos da pressão externa, quando na realidade sofremos pelas nossas próprias cobranças.

  Posso dizer por experiência própria que sei exatamente como é duro pegar pesado consigo mesmo. São tantas cobranças internas que acabamos tomados por ansiedade. São tantas expectativas que ficamos intolerantes a frustração. São tantos planos traçados que ficamos impacientes com imprevistos. São tantas e tantas coisas para fazer que o tempo continua escasso.

  Depois de vivenciar essas coisas, aprendi que o tempo é a melhor resposta. É preciso saber fazer pausas. Fazer intervalos e até mesmo saber recuar a fim de poder avançar mais inteiro. Neste meio tempo em que estivermos com menos demandas, poderemos investir mais na gente mesmo. Passar a nos conhecer melhor. Investir em autoconhecimento. Saber reorganizar a rotina com menos afobação e com mais sabedoria.
Saber responder algumas perguntas pode ser essencial para saber se estamos indo na direção certa. Para que estamos fazendo isso? O que eu desejo com essas ações? Será que não estou pegando pesado demais? Invista no diálogo interior. Se questionar vai fazer que você irá construindo um caminho mais forte já que você saberá aonde, de que forma e como chegar.

  Mas não se esqueça da importância dos intervalos. De dar tempo ao tempo e cuidar com as expectativas.

Pausas e Recomeços



Pessoas vão e vem. Encontros e desencontros. Idas e vindas. Pausas e recomeços.

  Ficamos por vezes envaidecidos com a.presença das pessoas  em nossas vidas. Achamos que ficarão ali por um bom tempo ou quem sabe a vida inteira a vida toda. Confundimos amizade com posse. Amar com querer o outro o si. Ajudar com viver para o outro. Complicado se relacionarem sabendo que o outro pode partir a qualquer momento. Seja de forma física. Por mudanças territoriais. Ou simplesmente porque as pessoas partem para outras coisas. O que devemos aprender com essas partidas? Que não somos, estamos.

  Deveríamos nos sentir gratos pela presença do outro.  Agradecidos pelo tempo despendido. Até mesmo abençoados pelas lições aprendidas. Deveríamos entender que amar não tem nada haver com posse. E sim, com compartilhar seja momentos, emoções e aprendizados. Querer o outro só para si pode acabar afastando ele. É preciso saber dividir e até mesmo saber quando ou não estamos invadindo o espaço do outro. Ser empático com o outro não querendo ser como ele ou sentir como ele, mas sentir com ele e existir ao lado dele. Poder dar o melhor de si pelo tempo que tiver com a pessoa. Para que quando chegar a hora de partir seja da forma mais leve e gentil possível.

   Chegadas e partidas farão parte. Encontros e desencontros também. A vida é como um aeroporto. Uns partem. Outros chegam. Alguns decolam. Outros passam por turbulências. Alguns pousam por um tempo. É preciso aproveitar as visitas. Saber ser grato pelas passagens. Curtir cada momento. Sem tentar se preocupar se é efêmero ou duradouro.

   Difícil são as despedidas. Complicado perder quem se gosta. Mas se soubermos não enxergar como perdas, sim como ganhos. Afinal cada um que passa em nossa existência deixa algo. Acrescenta algo. Nós também deixamos algo. É preciso saber somar. Deixar algo de bom em cada um que passa por nós é um dom. Maior sabedoria ainda é poder praticar a gratidão por cada um que passa pela gente é uma das formas mais saudáveis de lidar com as partidas.

  Deixe ir assim como você deseja que fique. Cada um que passa deixa um legado. Um aprendizado.